MÚSICA (Gustavo Baião) no PIAUÍCult.
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Sobre... (Gustavo Baião).
Quando se fala sobre a música executada com qualidade sonora e com uma “bossa” especial da atual cena musical, um dos músicos mais atuantes, sem dúvida, é o pianista, cantor, compositor e arranjador, Gustavo Baião.
Já trazendo sonoridade impressa no próprio nome, Gustavo, nasceu em Teresina, em meados de 1975.
Não demorou muito, Gustavo lançou seu primeiro álbum, “Segredos do Mar”, em 2001, com um repertório extremamente refinado. Já no início de 2015, convidou Gilson Peranzzetta (Rio de Janeiro, 1946) para juntos, gravarem um outro álbum, intitulado “Canções de Gilson Peranzzetta”, que foi muito aplaudido pela crítica e público.
Além do BacuriJazz, recentemente trouxe para Teresina para parceria num projeto especial, Nelson Faria, considerado um portento do violão.
Entrecultura conversou com Gustavo Baião.
Confere aqui!
Entrecultura: Conte-nos um pouco da sua trajetória musical: a escolha do piano, encontro com um estilo musical específico.
Gustavo Baião: Oi, Mariana e todo o pessoal do Entrecultura!
Eu comecei na música ouvindo os discos dos meus avós, pais e tios, que sempre tiveram um gosto refinado, e passaram isso pra gente. Não havia um estilo específico; tínhamos muita bossa-nova, jazz, samba e também, claro, música erudita. O que importava era a qualidade.
Com o piano, eu teclei minhas primeiras notas na casa dos meus avós paternos, que tinham um piano armário. Um dia, do nada, aos 10 anos, sentei naquele banquinho e “tirei” algumas notinhas de ouvido. Isso tudo influenciado por uma tia e um tio que são pianistas.
Entrecultura: Quando surgiu e qual foi o conceito criado para o Bacuri Jazz?
Gustavo Baião: Ah, eu tenho muito carinho pelo BacuriJazz! Eh uma banda que surgiu há uns 6 anos, quando eu e dois amigos pensamos em formalizar os nossos encontros musicais da noite. Eu já tocava com o Filipe de Sousa e com o Claudio Luz, então resolvemos criar a banda. A nossa ideia foi (e é!) interessante: juntar vários estilos musicais diferentes no nosso repertório, mas sempre com uma pegada jazzística, com elementos jazzísticos. Pensamos: bacuri é uma fruta do norte brasileiro; jazz é um estilo musical americano – nada a ver um com o outro. É essa a ideia: juntar coisas diferentes. Então, o BacuriJazz não é uma banda de Jazz, mas de vários estilos rítmicos, tudo com elementos do jazz.
Entrecultura: Como está a formação da cena instrumental na cidade? Ser um dos representantes da improvisação e da manutenção desse estilo “refinado” é uma tarefa difícil? Como essa forma de música se desenvolveu no processo da sua composição?
Gustavo Baião: A música instrumental em Teresina (assim como nos demais cenários musicais no Brasil) é muito tímida! Temos poucos caras que fazem isso aqui. Além do BacuriJazzz, posso citar o Trio 086, formado por colegas super competentes, que fazem um lindo som.
Eu penso que as pessoas podem habituar os ouvidos a qualquer tipo de música. Com a instrumental, não é diferente: temos visto isso na prática. Muitas vezes somos aplaudidos após executarmos músicas totalmente desconhecidas do grande público. Isso é um afago na alma! É uma delícia!
No processo de composição, é absolutamente fundamental ouvir o que existe na boa música instrumental. Cada nota, cada tensão, cada nuance que o compositor escreveu serve de inspiração e de estudo.
Entrecultura: Li na internet você dizendo preferir a abordagem sonora de um trio, em vez de uma orquestra completa, porque neste formato a sensação introspectiva e a riqueza jazzística pode ser melhor experimentada. Procede?
Gustavo Baião: Eu adoro uma boa orquestra! Cada componente dá o seu recado ali, com sua participação imprescindível. É uma formação a parte, diferente das demais. É uma bênção poder ouvir uma orquestra, seja de que tipo for. Gosto muito mesmo!
A formação em trio é bem diferente, traz um som mais “aberto”, e dá a possibilidade de cada um dos integrantes mostrar o que sabe fazer. E tem que fazer bem feito – essa é a maior dificuldade, rs! Além disso, é bem mais fácil e viável tocar em trio do que em orquestra, pela própria quantidade de músicos que existe em cada uma dessas formações.
Entrecultura: Você é considerado um “cantor experiente”. Li uma crítica bem favorável a seu trabalho, na sua interpretação da música de Aldir Blanc,”Foi por amor”. Como é o seu processo criativo?
Gustavo Baião: Ah, essa é uma pergunta importantíssima!
Nos meus 20 anos de músico da noite eu tenho aprendido que a primeira coisa que forma um grande cantor é ouvir muita, muita música, mas tem que ser de qualidade! A qualidade está na riqueza melódica e harmônica que os grandes compositores criam, e que os grandes cantores trazem pra gente. Eu digo que é melhor vc ter um único cd do Edu Lobo, do Ivan Lins, do Tom Jobim, do que ter cem discos de compositores medíocres, que fazem melodias rasas, comuns, sem notas de tensão, enfim, melodias nada desafiadoras.
Depois, um cantor precisa ter um mínimo de conhecimento técnico sobre como respirar, colocar a voz, afinação etc. É muito importante!
E, por fim – mas, não menos importante, tem que estudar interpretação. No palco, você vira um ator da canção; você tem que sentir o que está cantando, sabe? Não é você que está ali, é o personagem que o compositor criou. Você está interpretando aquele personagem!
Acho que esses passos definem quem, um dia, pode se tornar uma Zizi Possi, um Zé Renato, uma Simone Guimarães, uma Maria Bethânia da vida!
Fonte: entrecultura.com.br